segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Seroma e Hematoma



Esses dois, quando aparecem, geralmente trazem ansiedade nos pós operatórios de cirurgia plástica. Tanto há o receio da deformação pela distensão do plasma ou sangue na região “vai estragar minha cirurgia... vai estragar minha lipo...” , como o receio com fibroses eventuais relacionados a formação de cápsulas e retraimento do tecido subcutâneo, principalmente durante a fase proliferativa do colágeno. Bom, então vamos saber direitinho o que é um e outro.
O seroma é o mais comum, trata-se de um líquido muito parecido com o plasma sanguíneo, cheio de macromoléculas, que lentamente – principalmente quando não puncionado – se polimerizam, ganhando aspecto de bolsa gelóide. Comumente formam uma cápsula mais densa que seu conteúdo,  uma pseudobursa, que  o impede de ser absorvido por manobras de formação e condução da linfa para os coletores linfáticos. Geralmente é bem claro, vermelho vivo bem claro, alaranjado, por vezes.
Já o hematoma, é bem singular. Facilmente associado a traumas vasculares, profundos, dores e sua punção traz à tona um líquido de cor sanguinolenta, vermelho vinho, intenso, mais denso. Bem distinto do seroma. É prioritariamente constituído por células vermelhas do sangue que extravasaram devido ao trauma cirúrgico.
E há ainda uma formação relativamente comum  que é a combinação de ambos. Alguns cirurgiões a chamam de sero-hematoma. Na verdade é um seroma, líquido menos denso que o hematoma, mas que apresenta uma maior concentração de células sanguíneas.
Bom, agora já sabemos o que é. E agora o que fazer? O que é importante que seja feito com relação aos seromas.
1 – Identificar precocemente – note a proeminência, apalpe levemente, perceba seus contornos e  a persistência de uma bolsa que não involui com a drenagem linfática, maleável, que muitas vezes pode “flutuar” de um lado para o outro com a mudança de decúbito, de posição.
2- Encaminhar para a punção; e com isso é importante avaliar se é seroma ou hematoma;
3- Deixar o local de punção sob repouso e de forma nenhuma mobilizar o tecido por até 72horas ou mais, dependendo se a área está ativa, prolífera e precisará de punção seriada.  O tecido deve ficar sob compressão constante. Avaliar sempre.
Ah, e um pequeno detalhe e muito importante ... o seroma também pode ser prevenido tanto pelo cirurgião, evitando lojas ou espaços no tecido celular subcutâneo, como  pelo fisioterapeuta, evitando manobras de drenagens linfáticas de arraste no pós-operatório imediato, fazendo com que tecido não se mantenha aderido após o descolamento cirúrgico.  A prevenção minimiza as estatísticas de aparecimento, no entanto, não é capaz de evitar completamente que surjam.
Existe um estudo da Universidade de Harvand, com 108 pacientes, que aponta um índice de 19% de pacientes que desenvolveram seroma a medida que o limite aspirado de 1.500 ml foi superado, este grupo considerou o limite acima de 1500 ml como lipoaspiração de grande volume. À medida que o volume aspirado aumenta o risco é maior, assim como, o risco aumenta ao associar a lipoaspiração com  a dermolipectomia ou abdominoplastia.
Outra observação importante é a presença de febre e dores imobilizantes associados à presença de bolsas proeminentes e punções seriadas, o que é condizente com o quadro de infecção. Com o acompanhamento devido, e antibioticoterapia adequada, reverte-se a situação sem maiores problemas.
Então, finalizando, são intercorrências relativamente comuns e com o manejo adequado revertem-se rapidamente sem maiores problemas, ou consequências.

Referencias:
MORETTI, E.; GOMEZ GARCIA, F.; MONTI, J. y VAZQUEZ, G.. Investigación de seromas postliposucción y dermolipectomía abdominal. Cir. Plást. Iberlatinamer. [online]. 2006, vol.32, n.3

Courtiss E, Chocair R, Donelan M: "Large volumen suction lipectomy: an análisis of 108 patients". Plast Reconst Surg 1992, 89(6): 1068, discusión 1080.